terça-feira, 26 de maio de 2009

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Um Deus que seduz!



De uns anos para cá, estamos sofrendo com a onda de artistas religiosos dominando a grande mídia. Eles vendem muitos discos, livros, aparecem em programas de TV, e às vezes até fazem os seus próprios.

Vou falar aqui sobre a grande mídia veicular música religiosa. Escrevo dessa vez, mais do que apenas pela música, mas por 3 atributos que me credenciam a falar sobre o assunto: 1) Sou jornalista e comunicador; 2) Sou um músico amador (inclusive toquei na Igreja por muito tempo); e 3) Sou católico.


Ver aquilo que chamamos de “Palavra de Deus” atingir a muitas pessoas sempre foi (e continua sendo) um anseio meu. Mas esse conteúdo jamais pode ser comprometido por superficialidades. Mas já já eu volto nesse assunto.


O pioneiro foi José Fernandes de Oliveira, o padre Zezinho. Ele é um cara muito artístico com grandes noções teatrais e musicais e que escreve de forma muito admirável. Ele jamais tornou discutível o seu sacerdócio e aquilo que isso representa, em nome da sua arte. Fez o que devia ter feito.


A partir do momento que alguns padres passaram a querer dar “show de talento”, (muitas vezes inexistente) o caminho aberto pelo Zezinho se desvirtuou.


O Padre Marcelo Rossi é um cara do qual não duvido ter boa intenção. Ele quis levar mesmo a “Palavra de Deus” para as pessoas. Mas além de não ser nada artista, ele se sujeitou a fazer algumas coisas que expuseram a instituição “Igreja Católica” a situações vergonhosas. Me lembro de vê-lo cantando no “Planeta Xuxa” ao lado das paquitas com os seios de fora. Ou ainda se prender numa roda louca em um “Teleton” no programa do Gugu, e virar de cabeça para baixo... Alguém pode me responder como ele evangelizou fazendo isso?


E o cara do momento é o campeão de vendas Padre Fábio de Melo. Além de cantor e compositor (de qualidade duvidosa) ele tem uma formação acadêmica extensa, que o credencia para escrever os seus 6 livros. É pós-graduado em educação e mestre em antropologia teológica.


Pra começar. Detesto antropologia. Principalmente essa aplicada às empresas. Luiz Almeida Marins Filho (de quem também não gosto) me falou dia desses numa entrevista que “antropologia é a ciência da observação”. Na minha visão, é observação para depois manipular. E me parece que o Padre Fábio tem feito isso com os fiéis.


Acho pobre o conteúdo dele (assim como o dessas palestras motivacionais). Tudo manjado, tudo óbvio, mas com uma maquiagem de novo, de esplendor, de impressionista. Aliás, maquiagem é bem a faceta do padre. A capa do CD “Enredos do meu povo simples” (2007) é de dar nojo. A pose dele é compreensível se fosse um disco do Alexandre Pires ou do Fábio Jr. Não o disco de um padre! Deixando a música um pouco de lado, e falando da Igreja: muitas vezes vi gente dizer que as mulheres dão em cima dos padres. No caso desse, ele me parece tentar provocar isso na barba fininha, nas bocas entreabertas, olhares penetrantes, botox, pó, base, etc. (Vide Google Imagens – Fabio de Melo) Ao ver a capa do “As estações da vida” (2001), quando ele ainda era seminarista, não consigo imaginar que ele tentou evitar ser “sensual”. Vaidade (atributo que ele admite ter) é pecado segundo alguma passagem bíblica que não me vem à memória agora. Se o padre não quer atrair as mulheres (ou quem quer que seja), qual a finalidade disso tudo? Isso me lembra o convite do Raul Gil ao padre, na ocasião de sua visita ao programa da Band. Como de costume, o apresentador leva os artistas em uma churrascaria. Mas com o nome do lugar, ficou estranho o convite feito a um sacerdote. “Padre, vamos hoje ao Prazeres da Carne?”.


Durante a confecção deste texto, coincidentemente tive uma descoberta ainda mais absurda. A sua música “Vida” faz parte da trilha sonora da novela “Caras e Bocas” na Rede Globo! A novela das sete é tradicionalmente conhecida por humor e sensualidade.


Talvez ele tenha a desculpa da Evangelização. Mas não acho que a Palavra de Deus precise de um padre bonito, maquiado e sensual para ser propagada. Ela não precisa estar na novela das sete. Não é necessário gravar CD’s, DVD’s, superproduções, canhões de luz, fumaça artificial, guitarras estridentes, etc. Isso é acessório e não pode comprometer a Palavra de Deus. Foram mais de 2000 anos sem precisar de toda essa parafernalha e por que a partir de agora isso seria indispensável?


Padre Fábio de Melo, onde vamos parar? Quando vamos deixar de jogar pérolas aos porcos? Evangelização é uma coisa. Banalização da imagem da Igreja é outra! Em Jeremias, capítulo 20, a bíblia afirma que Deus seduz. É Deus quem seduz, padre. Ouviu bem? DEUS!



PS: Falei tanto sobre religião que acabei esquecendo de falar sobre música. Exceto o seu primeiro disco, o padre compõe e canta mal pra caramba... ao vivo, é deprimente ver o quanto ele desafina.