quinta-feira, 14 de maio de 2009

Um Deus que seduz!



De uns anos para cá, estamos sofrendo com a onda de artistas religiosos dominando a grande mídia. Eles vendem muitos discos, livros, aparecem em programas de TV, e às vezes até fazem os seus próprios.

Vou falar aqui sobre a grande mídia veicular música religiosa. Escrevo dessa vez, mais do que apenas pela música, mas por 3 atributos que me credenciam a falar sobre o assunto: 1) Sou jornalista e comunicador; 2) Sou um músico amador (inclusive toquei na Igreja por muito tempo); e 3) Sou católico.


Ver aquilo que chamamos de “Palavra de Deus” atingir a muitas pessoas sempre foi (e continua sendo) um anseio meu. Mas esse conteúdo jamais pode ser comprometido por superficialidades. Mas já já eu volto nesse assunto.


O pioneiro foi José Fernandes de Oliveira, o padre Zezinho. Ele é um cara muito artístico com grandes noções teatrais e musicais e que escreve de forma muito admirável. Ele jamais tornou discutível o seu sacerdócio e aquilo que isso representa, em nome da sua arte. Fez o que devia ter feito.


A partir do momento que alguns padres passaram a querer dar “show de talento”, (muitas vezes inexistente) o caminho aberto pelo Zezinho se desvirtuou.


O Padre Marcelo Rossi é um cara do qual não duvido ter boa intenção. Ele quis levar mesmo a “Palavra de Deus” para as pessoas. Mas além de não ser nada artista, ele se sujeitou a fazer algumas coisas que expuseram a instituição “Igreja Católica” a situações vergonhosas. Me lembro de vê-lo cantando no “Planeta Xuxa” ao lado das paquitas com os seios de fora. Ou ainda se prender numa roda louca em um “Teleton” no programa do Gugu, e virar de cabeça para baixo... Alguém pode me responder como ele evangelizou fazendo isso?


E o cara do momento é o campeão de vendas Padre Fábio de Melo. Além de cantor e compositor (de qualidade duvidosa) ele tem uma formação acadêmica extensa, que o credencia para escrever os seus 6 livros. É pós-graduado em educação e mestre em antropologia teológica.


Pra começar. Detesto antropologia. Principalmente essa aplicada às empresas. Luiz Almeida Marins Filho (de quem também não gosto) me falou dia desses numa entrevista que “antropologia é a ciência da observação”. Na minha visão, é observação para depois manipular. E me parece que o Padre Fábio tem feito isso com os fiéis.


Acho pobre o conteúdo dele (assim como o dessas palestras motivacionais). Tudo manjado, tudo óbvio, mas com uma maquiagem de novo, de esplendor, de impressionista. Aliás, maquiagem é bem a faceta do padre. A capa do CD “Enredos do meu povo simples” (2007) é de dar nojo. A pose dele é compreensível se fosse um disco do Alexandre Pires ou do Fábio Jr. Não o disco de um padre! Deixando a música um pouco de lado, e falando da Igreja: muitas vezes vi gente dizer que as mulheres dão em cima dos padres. No caso desse, ele me parece tentar provocar isso na barba fininha, nas bocas entreabertas, olhares penetrantes, botox, pó, base, etc. (Vide Google Imagens – Fabio de Melo) Ao ver a capa do “As estações da vida” (2001), quando ele ainda era seminarista, não consigo imaginar que ele tentou evitar ser “sensual”. Vaidade (atributo que ele admite ter) é pecado segundo alguma passagem bíblica que não me vem à memória agora. Se o padre não quer atrair as mulheres (ou quem quer que seja), qual a finalidade disso tudo? Isso me lembra o convite do Raul Gil ao padre, na ocasião de sua visita ao programa da Band. Como de costume, o apresentador leva os artistas em uma churrascaria. Mas com o nome do lugar, ficou estranho o convite feito a um sacerdote. “Padre, vamos hoje ao Prazeres da Carne?”.


Durante a confecção deste texto, coincidentemente tive uma descoberta ainda mais absurda. A sua música “Vida” faz parte da trilha sonora da novela “Caras e Bocas” na Rede Globo! A novela das sete é tradicionalmente conhecida por humor e sensualidade.


Talvez ele tenha a desculpa da Evangelização. Mas não acho que a Palavra de Deus precise de um padre bonito, maquiado e sensual para ser propagada. Ela não precisa estar na novela das sete. Não é necessário gravar CD’s, DVD’s, superproduções, canhões de luz, fumaça artificial, guitarras estridentes, etc. Isso é acessório e não pode comprometer a Palavra de Deus. Foram mais de 2000 anos sem precisar de toda essa parafernalha e por que a partir de agora isso seria indispensável?


Padre Fábio de Melo, onde vamos parar? Quando vamos deixar de jogar pérolas aos porcos? Evangelização é uma coisa. Banalização da imagem da Igreja é outra! Em Jeremias, capítulo 20, a bíblia afirma que Deus seduz. É Deus quem seduz, padre. Ouviu bem? DEUS!



PS: Falei tanto sobre religião que acabei esquecendo de falar sobre música. Exceto o seu primeiro disco, o padre compõe e canta mal pra caramba... ao vivo, é deprimente ver o quanto ele desafina.

9 comentários:

Anônimo disse...

=(

ana marta disse...

amei suas colocações! é bem assim, ele tornou-se um popstar e se esqueceu que sua missão é evangelizar! mas temos um problema serio o povo brasileiro é burro e é manipulado facilmente pelos meios de comunicação pois é a partir deste que este "padre" se tornou "famoso" entre jovens adultos e idosos(lembrando que as idosas acham ele com um rostinho tao angelical e tao carismatico), o que resta? 0,1% de pessoas como nós que conseguem ver por tras desta super produção que alguma coisa nao esta certa! e que tem gente lucrando bastante com esse negocio de "evangelizar??" parabens pelo seu texto!!

Luciana disse...

Olha, não sou católica, mas vejo muuuuuiiiitttaaaa gente mesmo, de tudo quanto é religião bem desafinada querendo ganhar fama e grana. Não podemos generalizar, mas este Padre Fábio...humm...não sei não..é muito estranho....muita maquiagem, muita pose, muita sensualidade....Deus não precisa disso mesmo..O que Ele quer é o nosso coração.....ahh, e quem converte é o seu Espírito Santo, não umas breves e bonitas palavras num clipe....

Hugo Augusto Rodrigues disse...

Grande Jota!!!
É isso aí mesmo, meu amigo... quando a "coisa" se distorce, é de dar nojo... endosso as suas palavras e assino embaixo. Dentre tantos aspectos citados por você, me incomodou muito ver a tal música na novela também... rs... não tem sentido nenhum... e ela foi gravada anteriormente por outro Fábio (o Júnior), que também não canta nada bem... não sei dizer se a música é dele ou não...
Enfim, está tudo ao contrário... mudado... é como um professor meu sempre dizia: "o rabo balançando o cachorro".
Qual é o motivo de, ultimamente, tantos padres quererem aparecer tanto, se não perante o povo nas missas (fazendo verdadeiros espetáculos circenses nas celebrações), vão para a mídia... e aí é vergonhoso... sinto pena deles (imbecis) e de quem se "derrete" por eles!!!
Parabéns pela 'deixa'!!!
Grande abraço,
Hugo.

Jota Abreu disse...

Agradeço os comentários!
Ana Marta - tem gente lucrando mesmo. Que pena.
Luciana - Que honra sua visita! Deus não precisa de ninguém. Nós é que precisamos Dele!
Hugão - Grande amigo, parceiro musical recente! Por tanta coisa a gente luta há tanto tempo na música católica, pra de repente surgir algo assim. Obrigado pela visita!

Bruna Assaf disse...

Não concordo com tudo, não. Conheço o pe. Fábio de Melo há muitos anos e posso dizer que há um evangelizador sim, por trás do "padre cantor" que a mídia lançou. Se é errado não se atualizar, então retiremos as guitarras elétricas e as baterias das igrejas. Vamos tocar apenas harpas e cítaras. São posturas "maquiadas" que não deixam a greja se renovar e se aproximar da grande massa.
Melhor falar do bem (porque aí estamos em Deus) do que ficar na mesmisse atual de malícia e banalidades.
Espero ter contribuido com a discussão... que não precisa acabar, né Jota?? rs
Parabéns pelo blog!

Bruna Assaf disse...

Não concordo com tudo, não.
Conheço o pe. Fábio de Melo há muitos anos e posso dizer que há um evangelizador sim, por trás do "padre cantor" que a mídia lançou. Apesar de concordar que existam exageros que o próprio padre poderia cortar.
Se não se pode atualizar os procedimentos, então teremos que tirar as guitarras elétricas e as baterias das igrejas. Vamos tocar apenas harpas e cítaras.
São posturas assim que muitas vezes não deixam a greja se renovar e se aproximar da grande massa.
Melhor falar do bem (porque aí estamos em Deus) do que ficar na mesmisse atual de malícia e banalidade. Ele está levando conforto prá muita gente.
Espero ter contribuido com a discussão... que não precisa acabar, né Jota?? rs
Parabéns pelo blog!

Jota Abreu disse...

Bruna. Legal vc aqui tb. Obrigado pela visita.
Me lembro que conheci o (ainda seminarista) Fábio de Melo, num congresso de músicos católicos em Aparecida, há um tempão atrás. E você também tava lá!!! Eu fiquei muito admirado com ele na ocasião. Mas de lá pra cá, acho q ele mudou bastante.
Concordo com o que vc falou sobre guitarras e baterias. Não quis dizer que é para tirar isso da igreja. Mas apenas que essas coisas são acessórios. E a Palavra é muito mais importante do que imagem e som... ela é verdade absoluta!
E concordo no "vamos falar do bem", também. Só acho que algumas coisas exigem determinadas posturas. E nisso, vc mesmo disse que concorda que existem exageros.
Se a gente conseguir chegar a algum lugar, a discussão não pode terminar nunca!
Obrigado! Volte sempre!

Bruna Assaf disse...

Pois é, fiquei sabendo hoje do motivo pelo qual ele deixou a antiga gravadora. Isso me deixou muito triste e frustada... Prefiro vê-lo somente na Canção Nova... Testemunho é tudo. Não adianta só palavras bonitas... estou começando a concordar com você. Que Deus continue convertendo nossos corações dia-a-dia!